Um novo

Um novo se tornando velho, falo de sentimentos, falo da dor. Achei que já conhecia todas as faces da dor depois de tanto tempo de melancolia enfrentados sozinha. Mas quando sinto a culpa... É quase que a dor mais angustiante que já experimentei. Só não é a maior porque o desespero de morrer foi maior, simplesmente morrer há anos atrás me deixou em torpor total de dor.

Mas isso é algo novo, essa culpa que não me deixa em paz, não me deixa viver. As imagens vem, às vezes ela é desencadeada por simples frases ou palavras que nem tem a ver. Essa é a primeira dor que não quero realmente sentir, eu quero fugir dela, realmente fugir, não quero mais sentir ela e isso parece impossível. Não consigo fazê-la parar, sair da minha vida.

O pior é que a cada vez que a sinto as lágimas se formam num segundo e no outro já estão escorrendo cascatas pelos meus olhos, eu choro a cada vez. eu sinto-a no fundo do peito. e ela aumenta conforme a quantidade de lágrimas aumentam. Ela me destrói por dentro e demoro muito tempo para me recompor e não está mais adiantando falar comigo mesma que vai ficar tudo bem, que vai passar, que é só uma fase. Com certeza é o preço por algo velho, algo do passado. E sei exatamente o motivo, é o meu fardo que terei que carregar e só agora que fui me tocar.

Pelo menos quando eu sinto a culpa me invadir, na minha cabeça só se passam várias imagens, várias cenas de momentos significantes, e não uma mistura barulhenta da minha própria voz no meu pensamento. Pelo menos, dessa vez... consigo respirar.