Resenha: Dilacerada

Título: Dilacerada / Autora: Hêlo Delgado 

Editora: Independente / Páginas: 311

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Sinopse: Vivian não leva uma vida fácil. Marcada por um passado turbulento, viveu metade dos seus 27 anos se reconstruindo e batalhando para se reerguer. Reservada e com poucos amigos, não confia em quase ninguém e acredita ser incapaz de amar.

Mas ela está bem. Ou pensa que está.

Apesar das dificuldades, formou-se no que queria, acaba de entrar no projeto dos seus sonhos e não vê a hora de mergulhar no trabalho. O problema é que Lucas, seu primeiro amor, o garoto que acelerou as batidas de seu coração anos atrás, ressurge em seu caminho. Com ele, sentimentos antigos são despertados e Vivian encara uma prova de fogo cercada por desafios, paixão e surpresas.

Nota: 4/5

Hey everyone 💟

Hoje venho falar desse livro que eu estava louca para ler. Achei que eu iria ficar dilacerada com a leitura também haha mas até que sai intacta.Vamos conversar mais sobre a história...

"A sensação libertadora era acompanhada por um grito de desespero."

Vivian é uma mulher que passou por maus bocados, percebemos logo no início da narrativa, mas sua história é contada aos poucos de uma forma diferente e envolvente, em consultas à uma psicóloga ela já adulta retoma seu passado. Não sabemos o que esperar da história já que é entregue de pouco a pouco, o que é muito instigante. 

Vivian mora com sua mãe, Karina, sua irmã mais nova Val (apelido para Valéria), ainda quando era muito nova, ela perdeu seu pai. A mãe cria as meninas na obediência, precisam serem educadas e terem feito todo o serviço de casa que a mãe pede, antes de ela chegar em casa do trabalho. 

"Karina não aceitava falhas. A perfeição era sua melhor amiga."

A autora explora muito a personalidade de cada personagem. Val, a irmã mais nova de Vivian, tem Síndrome de Down. E nos envolvemos na rotina diária da mãe e irmã lidando com a Val, ela é doce, alegre e sonhadora, mas como qualquer portador dessa doença, tem seus momentos difíceis, principalmente de compreender algumas coisas e não reagir bem em meio à discussões.

Também Karina, deve ter algum problema. Não chega a ser TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), mas com certeza ela tem algo, tipo ser perfeccionista. Ela é meio rígida com as filhas, e as criam longe da sociedade, em um lugar onde só conhecem uma vizinha que as ensinam os conteúdos de colégio para elas. Ela quer proteger suas filhas a todo custo, como se o mundo lá fora fosse só caos.

"- [...]Eu me sinto como se estivesse quebrada sabe? Falta alguma coisa..."

Foi uma surpresa muito grande pra mim todas essas informações e fiquei meio indignada. E acho que o que a Hêlo mais gosta de fazer em seus livros é dar todos os fatos bons e ruins e deixar que decidamos se a pessoa é culpada ou não, se é inocente, se foi vítima em fim... Há os dois lados das pessoas, e seus atos, e não sei bem se eu perdoaria os personagens. O que é muito parecido com a vida real. Conhecemos a trajetória de Vivian e em meio à leitura me perdi em reflexões como se eu tivesse que agir por ela, reconhecer os atos das pessoas próximas como bom ou ruim. Mas, mais do que isso, como uma mulher que sofreu tanto iria conseguir seguir em frente?

A história se desenrola quando Vivian conhece Lucas, um garoto quase da mesma idade que ela (Vivian tinha uns 14 anos), ele aparece meio do nada próximo à sua casa, e mesmo o encontro tendo sido breve eles ficam curiosos um com o outro. Outro dia ele retorna e vemos uma amizade proibida surgir. A mãe de Vivian não podia nem sonhar que isso estaria acontecendo, muito menos sua irmã, que poderia contar para a mãe; mas eles ficam tão envolvidos, Vivian tão curiosa com o mundo lá fora que...

Ela começa a abrir os olhos e enxergar o mundo um pouco diferente, desenvolve em si uma crítica social própria, mas valia a pena confrontar a mãe? A que custo? O que poderia mudar? 

A história é mais complexa do que parece. Vivian está contando a uma psicóloga sobre seu passado, como ficou dilacerada, e como perdeu a habilidade de amar de novo. É um livro incrível, com uma escrita leve e fluida que faz com que nem vemos o tempo passar. 

Só não dei nota máxima porque a protagonista não foi como eu esperava, mesmo vendo os pensamentos e sentimentos dela, ela estava muito vazia, não sei explicar, mas eu deveria me sentir horrível com tudo que a Vivian passou, eu me senti, mas me senti como todos os amigos e familiares dela e não como ela. Não é uma personagem que eu senti pena nem morri de amores, parece só uma boneca colocada lá porque tem que estar lá. Eu gostaria de me sentir mais próxima da protagonista. Mas esse foi o único ponto que desgostei.

A obra é muito boa, e agora que já li os livros da autora, estou ansiosa para novos lançamentos haha