Olá! Tudo bem com vocês? Venho trazer ao blog mais um texto, só que dessa vez é da Jariane do Blog Café Com Palavras; eu amei, e achei que deveriam ver também! Você pode encontrar muitos outros textos e contos lá no blog dela. Lembrando também que é escritora, podem encontrar a resenha de um de seus livros aqui: Conto de Fadas às Avessas.
Ela é um amor de pessoa! espero que gostem do texto... Boa leitura!
Eu queria dizer que o amava.
Em cada encontro, enquanto ele sorria e divagava sobre o
mundo, eu queria dizer que o amava.
Cada detalhe. Desde o cabelo coberto por um gorro, a barba
rala, a pele pálida e aqueles olhos castanhos; das camisetas com estampas
divertidas, das músicas ruins, dos filmes de gosto duvidoso e das mãos sujas de
tinta de caneta preta.
Não tinha coragem. Lá estava ele, falando sobre alguma
matéria que eu não entendia, com os braços ao meu redor e eu só pensava: eu o
amo, até mesmo quando fala coisas que eu não entendo.
A oportunidade passava, ele me beijava e ia para casa. De
madrugada perguntava se eu estava acordada, fazia piadas (algumas maliciosas),
fazia com que eu desejasse que ele estivesse ao meu lado sempre, todos os dias.
Sentia que o amor ia se enraizando em meu coração, a cada
vez que ele me tocava, beijava minha testa, ou simplesmente me protegia do frio
com aquele seu casaco com o logotipo de seu curso, eu queria dizer que o amava.
Eu amava ele existindo.
Mas as palavras simplesmente não saiam da minha boca. Todos
sempre dizem, as revistas principalmente, que quem tem que dizer que ama
primeiro é o garoto. As coisas mudam se as garotas se declaram, mas no fundo
sabia que ele era tímido demais para confessar primeiro.
Então, em um belo sábado, lá estou eu indo em direção ao
parque. Ele está deitado na grama, olhando para o céu azul e com aquele sorriso
torto nos lábios. Sei que ele já sabe da minha presença. Então verifico o meu
bolso e vou em direção a ele.
Sem dizer uma palavra, deito ao seu lado e ele passa os
braços ao meu redor, deixando que eu apoie a cabeça em seu peito e aspire o
cheiro bom de seu perfume.
Olho para ele, para aquele bendito gorro preto e a camiseta
do Mickey por baixo do paletó preto.
Um pouco hesitante, puxo sua mão livre e ele me olha e
sorri. Sorrio também e beijo sua bochecha.
Com a mão trêmula, pego a caneta em meu bolso e respirando
de forma ruidosa, rabisco na palma clara de sua mão com a caneta preta.
Quando termino de escrever, ele ergue a mão e lê o que está
escrito.
Prendo a respiração e ele me olha, primeiro sério, parecendo
confuso, em seguida sorri e beija minha testa.
- Eu também te amo – diz e toma a caneta da minha mão,
puxando a manga de minha camiseta e escrevendo isso em meu pulso.
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Até hoje olho para aquele rabisco, que eu como uma
adolescente tola, fiz questão de tatuar, com aquela letra dele em forma de
garrancho e tudo.
E agora, enquanto coloco o copo de café em cima da mesa, o
observo chegar, tirando o jaleco branco e sentando na cadeira em frente à
minha.
- Salvei um gato hoje, Bella – diz sorrindo e me entrega um
papel dobrado.
Abro e vejo o logotipo de sua clínica, para em baixo ler o
recado de sempre, mas que ainda faz meu estômago se encher de borboletas:
Te amo ainda mais do que naquela tarde.